Olá semideusas e semideuses, aqui é a
subtenente Kennis. Para comemorar os nossos 200 inscritos na Nossa página no Facebook, lançarei este não tão mini conto
sobre um dia de invasão no Acampamento das Caçadoras de Ártemis.
Kennis
Com a necessidade de um novo teste para
subtenente, assumi o cargo para ajudar a Aurora com as funções administrativas
da Caçada. As tenentes dormem nas torres de vigia das entradas. Cada torre é
estruturada para ter um posto de observação no terceiro andar; uma suíte com
amplas janelas panorâmicas que dão visão para a entrada em questão de um lado e
ao Acampamento do outro, no segundo andar; e no primeiro andar fica localizado
um depósito, onde guardamos algumas armas e suprimentos, para casos de
emergência.
Os quartos das Caçadoras escolhidas tenentes
permanece delas, já que os cargos são rotativos. A Aurora preferiu se mudar
para a torre que guarda a entrada do Comércio, localizada em Taguatinga e eu
preferi ficar na torre que dá para a entrada da Divisa, localizada no
Valparaíso. Deixei algumas coisas no meu quarto, no segundo andar do
acampamento, e trouxe somente objetos de uso pessoal e meus livros preferidos.
Coloquei minhas estátuas de Atena para tentar quebrar o toque impessoal do
quarto e parei para verificar o progresso.
O quarto era muito mais espaçoso que o meu,
branco gelo com várias constelações pintadas em azul marinho no teto.
Observando com mais atenção, reparei que eram as constelações feitas por Lady
Ártemis quando suas Caçadoras morreram. Pode parecer fúnebre, mas achei lindo e
delicado, mostrando o quanto aquelas meninas foram importantes para ela e para
as Caçadoras.
A decoração seguia o padrão do quarto das
Caçadoras, uma cama “solteirão” com uma meia lua que subia o dossel, uma
penteadeira branca na lateral - com uma gaveta e um espelho - e um guarda
roupas encostado na parede oposta, todos brancos. O tapete era felpudo e azul
marinho com o símbolo da Caçada, a meia lua transpassada por uma flecha. Havia
um armário para que eu pudesse colocar meus pertences e um suporte para armas
na parede em frente a cama, além de um banheiro com todos os itens básicos que
eu precisaria.
Arrumei as minhas coisas e voltei para o Centro
de Atividades. Tivemos um jantar tranquilo, Lady Ártemis tinha saído para uma
reunião no Olimpo e ainda estava chateada conosco por não termos encontrado seu
Colar das Luas. O clima do acampamento não estava alto, estávamos nos
preparando para sair novamente em missão para recuperar o Colar e todas as
meninas foram dormir cedo. Observei a lua crescente que brilhava enquanto me
dirigia para meu novo dormitório. Fiquei alguns minutos olhando o movimento da
matilha patrulhando a entrada da Divisa pela janela e Argo percebeu minha
inquietação e pousou no peitoril ao meu lado.
“Caraminholas
na cabeça, senhorita Kennis?”
Sorri e acariciei as penas dele.
-
Talvez... Estou preocupada com a nova missão, não quero baixas então precisamos
nos sair muito bem.
“Vocês
são capazes de achar esse colar... O submundo será fichinha!”
Ele me deu uma bicada carinhosa na orelha e eu
fiz um afago em sua asa. Dei boa noite para ele e me deitei. Já havia
adormecido quando os alarmes soaram no autofalante. Levantei apressada e apenas
vesti um robe enquanto corria para a janela. Observei primeiro a entrada da Divisa,
mas ela estava calma. Quando olhei para trás, no entanto, o acampamento estava
com todas as luzes ligadas. Corri para a janela que dava para lá enquanto
pegava o Paciência e encaixava uma flecha na corda. Observei a movimentação e
vi um Leão enorme, todo dourado, no meio do Acampamento, rugindo furioso e ameaçando
destruir tudo.
-
Aquele é o Leão de Nemeia?! Como aquilo veio parar aqui?
Observei o acampamento e notei onde ele estava:
a sétima entrada. A secreta, que só se abria em noites de lua crescente. Nem
troquei de roupa, apenas puxei minha aljava e fechei o cinto na cintura
enquanto descia correndo. Parei no primeiro andar e recolhi mais flechas, uma
lança e um colete. Argo passou por mim voando para o centro do Acampamento e
percebi que a matilha o acompanhava. Corri atrás deles enquanto vestia o colete
e pendurava a lança nas costas.
Quando cheguei ao centro do acampamento
percebi que as Caçadoras e Arktoi que dormem no segundo andar estavam atirando
e irritando o monstro, enquanto as meninas do primeiro andar voltavam do
arsenal mais próximo com mais armas e flechas. A matilha foi para cima do
monstro, mas sua pele era impenetrável e ele só estava ficando mais irritado,
ameaçando se aproximar do prédio de dormitórios. Vi Nico correndo do lado
oposto ao meu e Aurora atrás dele, brandindo seu machado de guerra. Seus
cabelos multicoloridos estavam soltos e ela estava focada no monstro. Armei uma
flecha e a observei.
Nos aproximamos juntas, cada uma por uma
lateral e atacamos os flancos do monstro. Atirei no mesmo tempo que ela tentou
cortá-lo com o seu machado. Minha flecha se partiu ao meio e a lâmina dela
entortou, mas o plano funcionou. O monstro desistiu do dormitório e se virou
para trás. A matilha caiu em cima dele, nos afastando do monstro e dando a nós
espaço para respirar. Aurora olhava triste para seu machado enquanto o guardava
no cinto quando eu me aproximei. Notei algo estranho e pontudo nas orelhas
dela, mas o momento era sério demais para fazer qualquer observação.
-
Eu nem tive tempo de me apegar ao Inverno ainda!
-
Calma, tenho certeza de que a 53 dará um jeito de arrumar. Precisamos mata-lo e
seu único ponto fraco é a boca. Alguma sugestão?
-
Podemos reforçar a distração e alguém se aproximar o suficiente para acertá-lo.
Se colocarmos as meninas a uma distância segura, com a matilha dando cobertura,
acho que não se torna tão perigoso.
-
Tudo bem, eu vou. Trouxe uma lança. Afaste as Arktoi e não deixe aquele leão me
notar até ser tarde demais, ok?
Ela concordou com a cabeça enquanto puxava o
celular e enviava uma rápida mensagem explicando o plano no grupo das
Caçadoras. Você deve estar se perguntando como possuímos um celular se ele
atrai monstros, mas os nossos são revestidos por Névoa. Só conseguimos mandar
mensagens de texto, porque ligações e internet não funcionam com a Névoa.
Usamos o celular apenas para comunicação interna quando não podemos mandar
mensagens de Íris, por estar a noite ou não termos dracmas disponíveis (eu sou
a tesoureira, preciso controlar o dinheiro!).
Percebi que as Arktoi entraram no dormitório e
as Caçadoras formadas intensificaram o ataque. Guardei o Paciência na minha
tiara e puxei a lança, aguardando o melhor momento. As meninas e a matilha
reforçaram o ataque e percebi o monstro finalmente começar a rugir e se afastar
do dormitório, contornando o Centro de Atividades. Era uma área mais aberta e
melhor para a nossa visibilidade e aprovei a estratégia. Eu me afastei
cautelosamente e empunhei a lança, aguardando uma brecha. Estava próxima da lateral do arsenal quando
ouvi um barulho vindo de lá. Tirei os olhos do monstro e olhei para o arsenal,
preocupada que alguma Arktoi tivesse ficado presa lá dentro.
“Argo?”
“Aqui.”
Ele rodeava a cabeça do monstro, dando bicadas em sua cabeça, mas percebi que
seus pensamentos haviam se voltado para mim.
“Acho
que tem alguém no arsenal. Pode ser alguma menina nova que não conseguiu voltar
para o dormitório. Pode falar para ela ficar lá dentro pois está muito perigoso
aqui fora, por favor?”
“Claro.”
Ele parou por um momento e me concentrei
novamente no monstro. Ele estava rugindo cada vez mais, extremamente irritado
com as flechadas e empurrões dos lobos e eu me aproximei empunhando a lança.
Quando percebi uma brecha, apontei a lança para ele e corri em sua direção.
Neste momento Argo falou comigo.
“Não
é uma Arktoi dentro do arsenal. Os pensamentos são malignos e antigos demais.
Cuidado!”
Desviei de uma pata e enfiei a lança na boca
do Leão, mas ele conseguiu me cortar com uma garra, o que me impediu de rolar
rápido o bastante para longe. O monstro caiu com tudo no meu braço esquerdo e
eu dei um grito de dor enquanto o monstro sumia e apenas sua pele ficava como
espólio.
-
Kennis!
As meninas correram para mim, mas eu levantei
o braço direito e apontei para o arsenal.
-
Tem alguém lá dentro! Era uma distração.
Aurora e Sandy correram para o arsenal com
suas armas erguidas e invadiram o local enquanto as outras Caçadoras davam
cobertura. Argo e Caimana vieram ver como eu estava e me ajudaram a sentar. Ouvi
sons de luta e por fim vi o monstro quando a Sandy saiu do arsenal, atraindo o
monstro para fora. Um gigante, claramente reconhecível pelas suas pernas de
serpente e sua altura.
Ele empunhava uma longa espada que parecia ter
botões e eu percebi que era Mimas, o anti Hefesto. Ele não parecia disposto a
brigar, tentava conversar e notei o quanto Aurora estava séria conversando com
ele.
-
Cai, manda uma mensagem para Lady Ártemis, por favor. Precisamos da ajuda dela.
Levantei e me aproximei com a lança ainda na
mão direita. O gigante estava ficando irritado e não parava de repetir que só
queria sua armadura, não precisava machucar ninguém.
-
Bom, acho que você já machucou.
Ele olhou para mim e percebeu que meu braço
esquerdo pendia frouxo. Pareceu realmente se importar e aquilo me confundiu.
Notei o olhar de preocupação de Aurora, mas notei também que ela apertava a
Fauna.
-
Já lhe disse que não temos nenhuma armadura do seu tamanho!
-
Tem sim! Eu tenho a informação de que Ares deu a minha armadura negra para a
sua filha que vive aqui. Ela é praticamente impenetrável. Só me entreguem ela e
eu vou embora.
-
Mimas, sua armadura não está aqui. Acredita mesmo que Ares daria um espólio tão
bom para uma semideusa?
As meninas tentavam argumentar com o gigante
enquanto fechávamos o cerco lentamente. Mas a cada negativa ele ficava mais
irritado e levantava mais ainda a espada.
-
E porque Éris mentiria para mim? Ela é amiga dele! Ela me disse que eu só
precisava distrair vocês e procurar, mas esse lugar é enorme. O primeiro
arsenal estava bem na frente da minha entrada, mas não estava lá. Eu precisei
contornar o acampamento para vir até esse, mas devia ter invadido logo os
quartos. Não está aqui!
Lady Ártemis ainda não havia chegado e
precisávamos dela para matar o gigante. Precisava mantê-lo falando para que ele
não nos atacasse.
-
Eu conheço vários motivos para Éris ter mentido para você... Mas reconheço que
seu plano foi bom.
-
Sim! Ela me disse que haviam boatos de uma entrada especial, uma que só se abria
em noites de lua crescente. Foi fácil achar os pontos que ela me deu com a
ajuda de um astrolábio. Um autômato ficou completamente destruído, mas
conseguiu colocar um dardo tranquilizante na língua do Leão de Nemeia. Eu o
arrastei até o local certo, tirei o dardo e esperei. Ela também me disse que o
acampamento está fraco e que eu conseguiria entrar se fosse até a UnB. Já havia
revirado o local e achado a possível entrada. Vocês ficariam surpresas como a
Névoa ajuda, mas as pessoas não te olham duas vezes numa universidade. Me
posicionei na entrada e esperei. Quando entrei, não haviam defesas a não ser
algumas armadilhas e redes, que foram desativadas pelos meus autônomos. Perdi
vários no caminho, mas estava confiante de que finalmente teria minha armadura
de volta, por isso não me importei. Até agora! Devolvam ela e eu vou embora. Vocês
têm a minha palavra.
Um brilho prateado iluminou todo o acampamento
e Lady Ártemis não parecia nem um pouco feliz enquanto encaixava uma flecha em
Selene. Todas as meninas copiaram o movimento dela e também armaram seus arcos.
Menos eu, que apenas empunhei a lança com mais firmeza.
-
Minhas seguidoras não mentem, Mimas. Sua armadura não está aqui.
-
O que? Não! Eu vou buscar a minha armadura hoje!
Ele até tentou ir para os dormitórios, mas foi
acertado ao mesmo tempo por flechadas das Caçadoras e da nossa deusa. Quando
tombou, já estava se dissolvendo.
-
O que aconteceu aqui?
Sua voz não estava mais tão séria, mas ela
lançou “o olhar” na minha direção. Aurora e eu nos aproximamos e fizemos um
breve resumo. Ela aprovou nossa ação e dispensou as meninas. Dirigiu-se para
seu quarto na torre da Entrada Especial e nos chamou para ir com ela. No
caminho Aurora curou meu braço, mas ele ainda estava inchado e dolorido.
-
Acho melhor você não ir amanhã, Kennis. O submundo será extremamente perigoso e
não recomendo que você entre em uma batalha em tão pouco tempo.
-
Mas Aurora, precisamos de todas as meninas amanhã!
-
Concordo com a Aurora, Kennis. Vocês não podem perder o foco e não estar 100%
pode te atrapalhar. Descanse e cuide do acampamento com algumas meninas. Ele
está mais fraco sem o meu poder para sustentar as defesas da fenda. O Olimpo se
sustenta no ar por causa da energia de tantos deuses, mas o Acampamento usa
somente a minha. Preciso do meu colar de volta.
-
Sim senhora.
Não gostei, mas entendi as preocupações delas.
Sabia que não iria aguentar lutar com o meu dual se precisasse e isso realmente
me atrapalharia. Lady Ártemis me mandou comer um pouco de ambrosia e tentar
dormir. Ela estava sinceramente preocupada com os meus ferimentos e obedeci
porque realmente estava doendo. Elas seguiram para o escritório da deusa e eu
voltei para o meu dormitório na torre.
Aurora
Segui Lady Ártemis até seu
escritório. Ela mantinha sua expressão séria e pensativa.
-
Jovem, estive pensando nisso a algum tempo e o que aconteceu hoje só reforça
minha preocupação. Tenho saído em jornadas cada vez mais perigosas e sei que
tomar conta das meninas e administrar toda a Caçada é muito para apenas duas
tenentes. Criei novas patentes e iremos distribuir as tarefas entre elas.
Manteremos as duas tenentes, mas agora o posto mais alto será o de Capitã. Logo
abaixo vem as tenentes e duas sargentos. Acho importante também termos o cargo
de Oráculo, para ajudarmos a entender melhor as profecias.
-
E como escolheremos as meninas para as novas patentes?
- Vamos fazer um teste. - Disse a deusa sorrindo e pegando um pergaminho em uma de suas gavetas.
- Um teste, minha senhora? Mas um teste será o suficiente para tudo isso?
- Não será apenas um teste, Aurora. Será O teste.
Ártemis desembrulhou o pergaminho sobre a mesa, liberando o enorme plano de como seria o teste e eu fiquei boquiaberta.
- Minha senhora, temos caçadoras suficientes para isto?
- Teremos! Qualquer menina poderá fazer este teste, não importa o seu tempo dentro da Caçada. Caso elas passem, serão dignas de pertencer e ter uma patente alta aqui dentro!
- Deuses... - Eu disse, enquanto me sentava.
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Todas sabíamos que a existência da sétima entrada
do acampamento daria errado, só não sabíamos quando. A história de hoje fala
justamente sobre um ataque ao nosso acampamento e achamos que ela seria perfeita
para ser a publicação que comemora as 200 curtidas na nossa página.
Queremos agradecer por todas as curtidas e pelo seu
apoio e também convidar a todAs para o nosso FESTIVAL DO SOLSTÍCIO!
O Festival acontecerá NESSE DOMINGO! Fiquem atentas
e se preparem pois a partir desse domingo suas vidas poderão mudar.
(Obs: Apenas meninas serão permitidas no Solstício)
by: Aurora
"Às vezes, até a força deve se curvar à sabedoria." Annabeth Chase.
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