História da semana: Dia, a filha de Hefesto


Olá semideuses, aqui é a Cai ou Caimana como preferirem. Essa semana contaremos a história da Dia, a mais nova Caçadora filha de Hefesto. E como a história é dela, ela vai contar como tudo aconteceu.

Era noite de lua cheia, eu tinha chegado à Caçada a poucas horas. Sandy acabara de nos contar sobre sua vida e sua chegada. Tudo era muito novo, muito estranho ainda... eu me sentia tão diferente de todas; algumas me olhava com olhar mais receptivo, já outras com olhar severo não sei dizer se era coisa da minha cabeça por estar cansada.
Sandy me olhou com um olhar de aprovação, apesar de seus olhos não expressarem a mesma simpatia que os de Clara, a filha de Hermes; consegui entender no seu olhar que era minha vez de falar um pouco sobre mim.

Levanto um pouco mais a cabeça, olho em seus olhos e dou um leve sorriso, então começo me apresentando para as demais meninas que também nos fazia companhia ao redor da fogueira.

- Meu nome é Dia, sou filha de Ana, infelizmente não tive o prazer de conhecê-la, perdi minha mãe ainda muito nova, era apenas um bebê… minha mãe teve febre amarela e infelizmente a doença a venceu. Fui criada pela minha avó, Maria, uma senhora doce e sempre alegre. Moramos durante toda a vida em uma fazenda no interior de Minas Gerais, minha vó adorava incenso e a casa era sempre cheia deles, descobri depois que isso me protegia de ser encontrada por monstros. Minha mãe antes de morrer me deixou uma carta, a qual só tive acesso a pouco tempo, nesta carta ela me contava um pouco sobre meu pai e como se conheceram.


“Querida filha, se você está lendo esta carta é porque infelizmente já não estamos mais juntas… Tentei muito com toda minha alma vencer esta doença, sonhava em ver você crescer e se tornar quem és hoje, mas cada dia era uma derrota e senti que você precisava saber um pouco sobre sua história...  bom, eu conheci seu pai em uma de minhas idas à cachoeira, eu estava sentada em uma pedra, quando o avistei, ele parecia um homem triste e solitário tinha barba e cabelos grandes; vendo o quão grande era sua tristeza decidi me aproximar. Perguntei o seu nome e ele com a voz um tanto rouca me respondeu frio “Hefesto”. Por mais que tentasse, não consegui tirar mais nenhuma palavra de sua boca, decidi então voltar para casa. No dia seguinte voltei a tal cachoeira, não demorou muito e ele apareceu, sentou no mesmo lugar, porém, desta vez decidi não me aproximar e nem tentar mais um diálogo, quando de repente ele se aproximou e perguntou meu nome, na hora me assustei porque não imaginei que ele pudesse querer conversar, ainda mais depois de ter me ignorado no dia anterior. Respondi a sua pergunta e dei um leve sorriso na esperança de ajudar de alguma forma aquele homem tão misterioso e distante. Passamos a tarde inteira conversando, porém ele pouco me falou de sua vida, na verdade, ele queria mais saber sobre a minha. No dia seguinte voltei ao local, porém, não tinha nem sinal dele, apenas dois dias depois voltamos a nos ver e desta vez, a nossa relação parecia de velhos amigos, ele então se aproximou e me deu um leve beijo nos lábios, não consigo explicar, mas meu coração acelerou eu parecia estar apaixonada por aquele homem, então, tivemos nosso momento de amor. Depois deste dia, nunca mais o vi, até o dia que, não sei como, ele soube que estava doente e veio nos visitar. Eu, de alguma forma, sentia que já não tinha muito mais tempo e pedi que ele te entregasse esta carta caso eu morresse. Espero que ele o tenha feito e que agora saiba um pouco sobre sua origem. Eu te amo muito filha, e irei te amar para sempre.
Sua mãe, Ana”


Meu pai porém, nunca me entregou esta carta, eu a encontrei enquanto mexia nas coisas da minha mãe... No entanto, fui atrás dele na esperança de o encontrar e saber um pouco mais da minha mãe, a minha avó nunca gostou muito de falar sobre ela, eu imagino que seja pela dor que ela ainda sente por sua falta. Também senti vontade conhecê-lo, saber como era. Então resolvi ir ao local onde minha mãe o conheceu, foi quando fui atacada por Gerião, eu estava com o arco que meu avô me deu quando me ensinou a caçar, mas não era um arco com muita libragem e as flechas nem sequer atingiram o tal monstro, foi quando apareceram as Caçadoras Sandy e Clara elas lutaram bravamente contra o tal monstro acertando o coração de seus três troncos. Eu queria muito prosseguir a viagem, mas fui alertada de que os monstros sentiriam meu cheiro e outros viriam atrás de mim, fiquei muito triste, mas naquele momento, eu desisti e aceitei o convite de acompanhá-las até o acampamento, não cheguei nem a entrar e Lady Ártemis já nos aguardava na entrada, imaginei que isso poderia ser algo relacionado à filha de Hades falando com uma imagem na água.


Lady Ártemis se aproximou e me olhou nos olhos, me parabenizando por ter lutado com o monstro, não conseguia entender como ela sabia do ocorrido, confesso que me assustei na hora. Então ela me convidou para fazer parte da Caçada e me explicou que teria que abrir mão da companhia dos homens, o que foi um alívio para mim, pois sempre fui ressentida com os homens pelo abandono que minha mãe sofreu do meu pai, tanto na gravidez quanto na sua doença. Mas também me explicou que teria que deixar minha avó e confesso que esta parte me deixou muito pensativa, já que minha avó era tudo que me restara na vida. Na hora minha resposta negativa era quase certa, pois além de não querer abandonar minha avó ainda me restava a esperança de poder encontrar meu pai, era como se o encontro pudesse me proporcionar um desfecho digno ao único capítulo incompleto da minha vida, daria algum sentido à carta de minha mãe e eu poderia me entender melhor se conhecesse meu passado. No entanto, ela me explicou que minha presença poderia deixar minha avó em perigo e que o monstro ao qual enfrentei seria só o começo do que me aguardava caso vivesse sem proteção e o treinamento que teria no acampamento. A deusa ainda disse que precisaria de todo meu esforço voltado a Caçada e deixou a entender que vivendo em seu mundo teria mais chance de encontrá-lo, se aquilo fosse realmente necessário para mim. Naquele momento, depois de tudo que tinha acontecido, encontrar meu pai seria só mais um bônus, porque de verdade… eu já me sentia em casa e nada mais mudaria minha vontade de estar aqui vivendo e aprendendo tudo que somente uma Caçadora é capaz definir.



 " Construir para destruir " - Dia 🛠

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